O Festival ABCR chegou ao fim como a maior edição já realizada. A programação que teve mais de 70 palestras em dois dias recebeu mais de 800 participantes de 25 estados e do Distrito Federal. Só nas masterclasses, que ocorreram nos dias 01 e 02 de julho, foram 230 inscritos.
Foram dias intensos de integração. Escutamos muitos elogios em relação ao conteúdo, que está evoluindo ano a ano, e em relação à interação entre a plateia, os palestrantes e os expositores
A programação do segundo e último dia começou com a plenária Saúde é Vida: Hospital Pequeno Príncipe e suas estratégias de financiamento institucional. Rodrigo Lowen e Natalia Leon apresentaram a estrutura do Complexo Pequeno Príncipe, que faz, em média, 18 mil cirurgias por ano e só em 2022 captou 78 milhões de reais. “Quase metade da nossa captação vem de renúncia fiscal, com o Fundo da Infância e da Adolescência”, disse Rodrigo. A instituição tem mais de 100 pessoas focadas em captação, além de um programa de jovens talentos para preparar novos captadores.
Uma das 16 palestras que aconteceram no período da manhã foi Como selecionar a melhor plataforma de arrecadação para sua organização, com Diego Ribas Adiers. Ele lembrou que os critérios de avaliação devem incluir as necessidades da organização e as funcionalidades essenciais da ferramenta, como páginas de campanha de arrecadação, recorrência automática, processo seguro de pagamentos, acompanhamento de doadores, controle financeiro integrado, relatórios de gestão e controle contábil integrado. Outro ponto a ser avaliado é o nível de segurança dos dados e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A captadora de recursos Daiane Dultra falou sobre a filantropia do futuro e a importância do equilíbrio entre a captação digital e a conexão com os doadores. “Apesar de automatizar a comunicação com nossos leads, a gente trabalha muito forte a criação de jornadas únicas para todos os leads”, explicou Daiane falando sobre sua consultoria. Ela também contou que usa o ChatGPT para gerar conteúdos como posts para LinkedIn, e-mail para doadores e apresentações de prospecção.
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No período da tarde, a sócia-fundadora da Umbigo do Mundo, Marina Pechlivanis fez o lançamento do livro Gestão Sistêmica para um Mundo Complexo, livro que reúne exercícios práticos, reflexões estratégicas, curiosidades integrativas e entrevistas inspiradoras. Entre as palestras, o consultor Rodrigo Alvarez falou sobre saúde mental dos captadores de recursos em uma das palestras, enquanto Suellen Moreira e Daniele Torre deram insights sobre como fidelizar empresas investidoras.
Giovanna Fiori, responsável pela área de Comunicação e Relacionamento da ABCR, listou cinco motivos para se associar à ABCR. “Nossos associados estão no centro das ações”, disse ela, que destacou eventos exclusivos para membros, Grupos Temáticos, potencial de networking e trocas de experiências. “A ABCR não traz só informação, ela dá formação. É extremamente boa para todos nós [captadores] essa associação, esse caminho de crescimento, conhecimento do setor, integração e trocas saudáveis”, comentou a associada Sônia Bonici.
Revisão do Código de Ética
Fernando Nogueira, diretor-executivo da ABCR, Marcia Woods, presidente da ABCR, e Rodrigo Alvarez, consultor de captação de recursos, debateram o processo de revisão do Código de Ética da ABCR, compartilhando o que é esperado desse processo e ouvindo a opinião dos participantes. Fernando contou que uma comissão foi formada para discutir o tema e que dois itens, em especial, precisam de atenção: a remuneração dos captadores e o conjunto de leis, códigos e normas.
“O processo de revisão que estamos sugerindo é que, partindo das discussões que vierem hoje, a comissão amadureça a proposta e submeta para deliberação. A expectativa é que o novo Código de Ética seja apresentado daqui um ano, quando a ABCR completar 25 anos”, disse o diretor da ABCR.
“Como presidente do conselho deliberativo, assumi o compromisso de propor essa revisão com bastante apreço”, pontuou Marcia Woods. Rodrigo Alvarez, que é um dos fundadores da ABCR e participou da construção do primeiro Código de Ética, lembrou que muita coisa mudou no mercado de captação, incluindo a diversificação de atores. Nesse sentido, é preciso levar em consideração fatores como quem são esses atores e qual a premissa da ABCR sobre profissionalização e desenvolvimento da profissão.
“A revisão do código passa por um processo de escuta dos profissionais do setor. Todas as leis de incentivo preveem um agente que faz a mediação entre o projeto e a organização, mas a essência do código da ABCR não pensou nisso, só em pessoas atuando dentro de organizações”, disse Alvarez.
Encerramento
Durante o encerramento, o diretor-executivo da ABCR, Fernando Nogueira, convidou Carol Farias, líder do Dia de Doar, e Erika Sanchez, membro do comitê coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação, para subirem ao palco. Carol Farias falou sobre o pré-lançamento da campanha do Dia de Doar para ajudar a tornar a cultura de doação mais consistente no país. Os participantes do evento tiveram acesso a um QR code com materiais gratuitos que podem ser utilizados nas campanhas do movimento.
Erika Sanchez observou que é necessário fortalecer a cultura de doação para impulsionar a captação de recursos. Segundo ela, é preciso pensar em estratégias que usem o Dia de Doar para obter mais doações fora do período do movimento. Ela também comentou sobre a disparidade entre as organizações da sociedade civil e as urgências enfrentadas por OSCs da periferia. Ao final da fala, fez um questionamento ao público: “Que cultura de doação queremos construir?”. Fernando Nogueira encerrou o evento pontuando sobre os recordes de participantes e agradeceu ao público, aos patrocinadores e todos os colaboradores do Festival ABCR 2023.